Tipos de financiamentos para empresas em Portugal
Quem já não ouviu falar de crédito bancário; linha de crédito, leasing e factoring; bem como business angels e capital de risco? Alguns destes financiamentos para empresas ainda são pouco fomentados em Portugal, ao contrário do que acontece em outros países desenvolvidos, e o seu acesso por parte das empresas ainda é muito dificultado.
Quando resolve iniciar uma atividade ou financiar uma empresa já existente, o empresário tem duas grandes formas de o fazer: capitais próprios e capitais alheios. No caso da opção por capitais próprios, estes não têm qualquer contrapartida fixa de remuneração, isto é, pode ou não ser remunerado em função da rendibilidade gerada pela empresa. Na alternativa de recurso a capitais alheios, esses têm uma remuneração mínima fixada e, em regra, possuem um esquema de reembolso previamente definido.
Consciente desta realidade, vamos falar acerca das ofertas de financiamentos para empresas, existentes em Portugal!
Crédito bancário
Uma dívida financeira consiste na obtenção de um empréstimo junto de um credor, normalmente um banco, durante um período de tempo pré-determinado. Quando contrai uma dívida, a empresa está não só obrigada à restituição do capital emprestado, como também ao pagamento de juros, fixados com base numa taxa que é aplicada ao valor do empréstimo.
Os empréstimos bancários podem ser de curto prazo (que implica a amortização da dívida até um ano após a contratação do empréstimo) ou de longo prazo (empréstimos por um período superior a um ano). As instituições bancárias tendem a preferir empresas com experiência ou negócio, cujas equipes de gestão mantenham boas relações com a instituição e que apresentem planos de negócio que demonstrem capacidade para cumprir o serviço da dívida.
Normalmente, o crédito bancário é uma forma de financiamento adequada no caso da empresa estar moderadamente endividada e com boa capacidade de gerar cash flows. Empresários com negócios nestas condições podem recorrer a empréstimos bancários para financiarem as suas operações e programas de expansão com condições muito vantajosas sem cederem parte do controle da empresa. Como é natural, os bancos são mais receptivos a concederem financiamentos para empresas sólidas e já estabelecidas no mercado, do que a empresas emergentes. Assim, o financiamento bancário pode ser aconselhável nas seguintes condições:
- – Expansão de um negócio lucrativo;
- – Financiamento de uma grande aquisição (equipamentos, instalações, etc.);
- – Quando o cash flow da empresa é forte e seguro.
O recurso ao financiamento bancário não é aconselhável quando a empresa é demasiada jovem ou não lucrativa. Nestes casos, terá muitas dificuldades para obter financiamento, pois a relação ‘riscos versus retorno’ de um empresário é desinteressante na visão do banco.
Além disso, mesmo que consiga obter o desejado empréstimo devido ao seu historial de crédito muito positivo, deverão exigir garantias pessoais que poderão ser incomportáveis, assim como juros muito elevados.
Linha de crédito, leasing, factoring
As possibilidades de financiamentos para empresas não se esgotam no empréstimo bancário clássico. As linhas de crédito são uma forma de empréstimo bancário flexível, orientado para o curto prazo, em que a instituição credora confere à empresa o direito de, dentro de um plano previamente acordado, retirar fundos consoante as suas necessidades de tesouraria.
As linhas de crédito são especialmente indicadas para fazer face a insuficiências temporárias e previsíveis de tesouraria (frequentes, por exemplo, em negócios sazonais) ou para prevenir o aparecimento de rupturas inesperadas.
O factoring é igualmente um instrumento de gestão de tesouraria, ou seja, de cobertura das necessidades de curto prazo. O contrato de factoring consiste na cedência dos créditos da empresa a uma sociedade especializada que se responsabilizará pela cobrança desse crédito. A factoring adianta uma parcela do valor desse crédito à empresa, recebendo em troca uma comissão.
Esse é um dos tipos de financiamentos para empresas que tem a vantagem da empresa poder realizar os seus créditos sem estar dependente do prazo de pagamento dos clientes. Tem a desvantagem do custo associado, que reduz a rentabilidade das vendas.
O leasing é um dos instrumentos de financiamentos para empresas ao qual a empresa pode recorrer quando não pretende afetar grandes quantidades de capital para ter acesso a um determinado bem (normalmente tratam-se de bens de equipamento). Num contrato leasing, o proprietário do equipamento (o locador) autoriza o utilizador (o locatário) a dispor do equipamento em troca de pagamentos periódicos, que incluem capital e juros.
Terminado o prazo de vigência do contrato, o locador pode adquirir o equipamento/objeto do contrato, mediante o pagamento de um valor residual pré-estabelecido. Ao diferir os pagamentos, a empresa consegue garantir uma maior liquidez. No entanto, tem a desvantagem de não ser proprietária do equipamento, tendo por isso que indenizar a locadora, no caso de surgir algum acidente com o equipamento da sua responsabilidade.
Esse tipo de financiamento é sobretudo aconselhável para a aquisição de equipamentos que não são estratégicos para a sua empresa, ou apenas serão utilizados por um período de tempo limitado. Um exemplo típico são os automóveis ao serviço da empresa, que tendem a ser adquiridos em sistema de leasing.
Business angels e capital de risco
Entre os financiamentos para empresas, temos o financiamento por capital, que consiste na troca de dinheiro por uma parcela do capital e, como tal, de uma parte do controle da empresa. Numa primeira fase, o empreendedor, face à carência de fundos próprios e aos problemas decorrentes do crédito, pode recorrer a investidores privados, sejam eles família, amigos ou business angels. Esses últimos – normalmente empreendedores que vendem o seu negócio ficando com dinheiro disponível – podem ser uma ajuda preciosa com a sua experiência e know how na gestão de pequenos negócios.
Tipicamente, os business angels cedem capital a empresas emergentes, cuja dimensão é ainda muito pequena para atraírem capital de risco. Por outro lado, tendem a assumir um papel de grande colaboração com o empresário, contribuindo com a sua experiência. Então, o recurso aos business angels é aconselhável nas seguintes situações:
– Os montantes de financiamento envolvidos são pequenos e a empresa é recente;
– No caso de o empreendedor ter um ou mais amigos com capacidade financeira que acreditam nele e, por isso, estão disponíveis para investir no projeto.
O empreendedor está disponível para aceitar investidores que tenham um interesse pessoal no seu negócio, mas não quer que a gestão seja influenciada por estranhos.
Capital de risco
Ainda em termos de financiamento de capital, temos o capital de risco. As sociedades ou fundos de capital de risco tomam participações normalmente minoritárias e temporárias (3 a 7 anos) no capital da empresa.
Trata-se de uma forma de financiamento interessante, na medida em que o empreendedor não só assegura os fundos necessários, como garante um parceiro de capital que irá partilhar o risco com o empresário.
Uma vez que o retorno do investidor de capital de risco é a saída do negócio, cabe ao empreendedor explicar como irá garantir uma saída em condições vantajosas.
O recurso ao financiamento via capital de risco só está ao alcance de negócios que apresentem potencial de crescimento ou um elevado retorno de investimento esperado. Essa forma de financiamento é adequada nas seguintes condições:
– O empreendedor possui uma ideia e uma tecnologia excepcionais, que lhe permitiram (ou permitirão) conquistar uma base de clientes de elevado potencial;
– O empreendedor está disponível para partilhar o controle da empresa com terceiros.
– A empresa está numa fase pré-IPO, isto é, pretende distribuir parte do seu capital em bolsa num futuro próximo, o que implica necessidades extra de capital.
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Sobre o autor,
Benício Filho – Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, e Filosofia pela universidade Dom Bosco, Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Black Beans, e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis ambos em Portugal, atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”, em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “ Metamorfose Empreendedora”.
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