A presença massiva de brasileiros no Web Summit
Em setembro de 2015 Paddy Cosgrave, co-fundador e CEO da Web Summit, anunciou que o evento mais esperado no mundo sobre tecnologia seria realizado pela primeira vez em Lisboa. No primeiro evento em Portugal, os brasileiros presentes no Web Summit já representavam um contingente que não poderia jamais ser desprezado.
Este movimento, no entanto, ganharia ainda mais força anos depois, chegando em 2019 a representar o maior contingente individual de um país, batendo quase dez por cento de participação.
Lembro logo na abertura quando o fundador Pad Cosgrave, na maior arena do evento, a arena Altice, perguntava aos participantes de onde eles estavam vindo e quando o nome do Brasil foi anunciado uma mancha enorme de pessoas gritava e fazia um imenso barulho.
Pad, não muito surpreso, dizia que o Brasil representava a força dos países em desenvolvimento na busca por novas soluções, inovação e abertura de mercado.
Que gostamos de eventos, inovação e temos um universo empreendedor enorme isso não é surpresa. Mas por que o Web Summit tem despontado como o evento em que os brasileiros buscam por respostas?
Neste artigo, aprofundaremos alguns temas relativos à presença brasileira no Web Summit e construiremos uma linha de raciocínio para que você compreenda este movimento que não tem mais retorno.
POR QUE OS BRASILEIROS BUSCAM O WEB SUMMIT?
Talvez essa seja uma pergunta mais complexa de ser respondida do que a maioria das pessoas imagina. Mas, com certeza, alguns caminhos são possíveis de percebermos.
A presença brasileira em eventos internacionais não é novidade. Um dos exemplos que temos esta presença sempre muito destacada é na NRF, nos EUA.
A National Retail Federation é a maior associação comercial do mundo. Seus membros incluem lojas de departamentos, especialidades, descontos, catálogos, Internet e varejistas independentes, cadeias de restaurantes, supermercados e empresas de marketing multinível.
Neste evento, milhares de brasileiros no Web Summit marcam presença trazendo novidades para o Brasil e alterando em muitos casos nosso mercado.
Muitas histórias de empreendedores, foram literalmente transformadas após participarem de feiras como essa.
Uma missão empresarial, por exemplo, tem a capacidade de abrir a mente de quem participa lançando luzes sobre novas possibilidades, inclusive para um novo sócio.
Em uma feira de negócios não é algo diferente. Em teoria, quem está no mesmo evento que você tem interesses similares.
ABERTURA DE MERCADO E INOVAÇÃO
Tenho acompanhado missões e eventos internacionais há muitos anos. Esta experiência começou quando eu, à frente do ITESCS (Instituto de tecnologia de SCS), levava empresários brasileiros para mercados da América Latina.
Desta experiência, que já demonstrava o ímpeto e interesse dos empresários brasileiros em entender o que ocorria e o que poderia ser aprendido fora do Brasil, eu percebia que muito poderia ser transformado em nosso país justamente olhando estas práticas em outras nações.
Claro que não se pode criar ilusão. Nem tudo que é visto ou aprendido fora do Brasil pode ser replicado por aqui. Haja vista o mito de transformar regiões do Brasil em novos vales do Silício.
Nunca teremos um vale do silício pelo simples fato de que não é possível replicar o que aconteceu lá. Podemos e devemos ter regiões e movimentos de inovação, mas com nosso próprio dna.
O que é possível entender no Web Summit é que os brasileiros justamente estão à procura de novas experiências, práticas em inovação e novos modelos de negócios.
Isso demonstra uma enorme transformação de mentalidade. Buscar algo novo extrapola o campo da zona de conforto.
Não posso deixar também de enfatizar que cada vez mais a maturidade destes empreendedores se eleva em nível e consistência. Deixando evidente que temos muito a ganhar com este movimento em ebulição no Web Summit.
AGENTES GOVERNAMENTAIS E INSTITUIÇÕES BRASILEIRAS NO WEB SUMMIT
Outra presença marcante no Web Summit são as instituições do Brasil, Governo Federal e Governos Estaduais.
O Sebrae por exemplo, tem enviado em seus diversos braços estaduais, um número expressivo de representantes. Estados do Nordeste têm, em alguns casos, enviado mais de três representantes ao Web Summit.
Os objetivos são muito claros: buscar novos conhecimentos e práticas do que o mundo está fazendo.
O Web Summit é um bom espaço para este universo. O mundo todo está presente nos dias em que o evento ocorre. Faz total sentido a participação destes movimentos, envolvidos inclusive em programas de aceleração, o caso da APEX do Brasil é um bom exemplo disso.
Em 2018, lideramos a missão da ABDI no Web Summit. A ABDI é um braço do sistema S (Sesi, Sebrae e Senai) com foco no desenvolvimento da indústria.
Nesta ocasião, auxiliamos na assinatura de acordos e internacionalização de startups. Em 2019, estivemos juntos com a APEX no principal programa deles em Portugal.
Em 2021, executamos o programa da APEX StartOut Lisboa e representamos o Brasil no Web Summit. Tivemos ainda os governos do Ceará e de outros estados conosco em atividades diversas.
A FIESP de São Paulo também esteve conosco, assim como os estados do Espírito Santo e Santa Catarina. De ponta a ponta o Brasil está no Web Summit.
Deste movimento, afirmo que temos muito a ganhar em todos os aspectos.
OS DESDOBRAMENTOS DO WEB SUMMIT NO BRASIL
Uma viagem de negócios tenho dito há algum tempo, pode abrir e transformar uma vida. Acredito sinceramente que uma viagem tem o poder de mudar uma vida em muitos casos bem mais do que um curso universitário, apenas para ficar com este exemplo.
Quem participa do Web Summit, volta transformado. Esse não é um evento de turismo ou um evento sobre Portugal.
Isso, inclusive, fica nítido que é o que menos encontramos. Portugal acolhe e abre as portas para o mundo. Participar das palestras, encontrar empresas inovadores e descobrir o que outros países estão fazendo em termos de inovação amplia nossa visão do mundo.
Somos uma gota de conhecimento no oceano individualmente. Mas quando nos conectamos em rede, isso se multiplica em escalas quânticas.
O Web Summit funciona como um acelerador de partículas quânticas de conexões humanas. Saio de um dia intenso no Web Summit consumindo tudo que ensinei e cheio com tudo que aprendi.
Desta troca, podem surgir as mudanças que desejamos em nosso país. Analisando os próprios movimentos e programas no Brasil de internacionalização e aceleração, já é visível que estamos tendo transformações profundas.
A experiência de viver e conhecer programas e movimentos internacionais, tendo o retorno destes participantes ao Brasil, gera uma enorme força de transformação.
Como temos enviado há alguns anos um número elevado de empresários, empreendedores e agentes do Governo ao Web Summit, já percebemos os desdobramentos no Brasil. Não resta dúvida que estamos no caminho correto.
O WEB SUMMIT NO BRASIL
Talvez quando este artigo for publicado, já tenha sido definido em qual estado do Brasil o Web Summit irá ser realizado.
Temos alguns estados nesta corrida, o que demonstra o interesse real por acolher este evento nas Américas.
Do mesmo grupo dos criadores do Web Summit, existe o evento, “Collision Conference”. Ele é considerado uma das maiores e mais prestigiadas feiras de inovação, tecnologia e empreendedorismo das Américas.
Trata-se de um evento internacional que acontece em Toronto, Canadá. Os moldes são parecidos com o Web Summit, mas ele é maior e mais dinâmico.
A possibilidade de termos uma edição do Web Summit no Brasil é algo realmente incrível. Qual estado sediará? Qual será o foco do evento? Quantos participantes teremos? Tudo isso ainda é mistério.
Mas ganhamos muito com este evento e disso não tenho dúvida. Trazer um evento desta envergadura para o Brasil, traz também a atenção do mundo para nosso ecossistema de inovação e empresas ágeis.
Com suas quase 14.000 startups, o Brasil desponta entre os dez países com maior número de unicórnios do mundo. Já somamos quase vinte, destas empresas que totalizam valor de mercado em mais de um bilhão de dólares cada.
Ter o Web Summit no Brasil é sem dúvida uma grande oportunidade de incentivarmos, criamos adensamento de empreendedores, investidores e agentes e construirmos um caminho para a diversidade em nosso país quando falamos de empresas ágeis.
Bem, como já perceberam serão intensas as próximas cenas em nosso Brasil e no mundo quando falamos de empreender, empresas ágeis e oportunidades em internacionalização.
Se você quiser conversar e compreender mais sobre Portugal, o Web Summit e internacionalização, agende um momento para conversarmos e juntos discutirmos o seu futuro em Portugal.
Forte abraço!
Sobre o autor,
Benício Filho – Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente também está concluindo o curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador dá Palestras & Conteúdo, Sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal), atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio), além de participar de programas de aceleração como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros. Palestrando desde 2016 sobre temas como Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência, já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.
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