Vinho do Porto, Fado e Vila Nova de Gaia
O Norte é com certeza uma das regiões mais interessantes de Portugal. Se formos olhar pelos números, a região Norte é a região mais populosa de Portugal.
À frente da Área Metropolitana de Lisboa, é a terceira região mais extensa por área. No censo de 2021, foram registados na região 3 588 701 habitantes, e a sua área é de 21 284 quilômetros quadrados.
É uma das cinco regiões de Portugal Continental, e compreende 86 municípios e 1.426 freguesias, além dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real e Bragança, e o norte do distrito de Aveiro, Guarda e Viseu.
O seu principal centro populacional é a zona urbana do Porto, com cerca de um milhão de habitantes. Inclui uma maior região metropolitana política, com 1,8 milhão, e uma aglomeração urbano-metropolitana com 2,99 milhões de habitantes.
Você já pode perceber que o Norte é incrível, mas ainda quero dizer que o Norte de Portugal é uma região culturalmente variada.
É uma terra de vegetação densa e profunda riqueza histórica e cultural. O que hoje é a região Norte, foi inicialmente habitada por várias tribos pré-célticas e célticas antes de ter relações comerciais e ser visitada, atacada e conquistada por várias povos, incluindo gregos, cartagineses, romanos, germânicos, mouros e vikings.
Em uma das minhas passagens pela região, não pude deixar de aproveitar as delícias e histórias. Relato um pouquinho destas experiências neste texto.
O vinho do Porto é uma experiência a parte
O Vinho do Porto é um vinho natural e fortificado, produzido exclusivamente a partir de uvas provenientes da Região Demarcada do Douro.
Apesar de produzida com uvas do Douro e armazenada nas caves de Vila Nova de Gaia, esta bebida alcoólica ficou conhecida como “vinho do Porto” a partir da segunda metade do século XVII por ser exportada para todo o mundo a partir desta cidade.
A “descoberta” do vinho do Porto é polémica. Uma das versões, defendida pelos produtores da Inglaterra, refere que a origem data do século XVII, quando os mercadores britânicos adicionaram brandy ao vinho da região do Douro para evitar que ele azedasse.
Mas o processo que caracteriza sua obtenção talvez já fosse conhecido bem antes do início do comércio com os ingleses. Já na época dos Descobrimentos o vinho era armazenado desta forma para se conservar um máximo de tempo durante as viagens.
A diferença fundamental reside na zona de produção e nas castas utilizadas, hoje protegidas. A empresa Croft foi das primeiras a exportar vinho do Porto, seguida por outras empresas inglesas e escocesas.
Tomar uma boa dose de vinho do Porto é algo espetacular. Sugiro fazer uma visita às Caves locais em Vila Nova de Gaia e desfrutar dos diversos tipos de vinho do Porto.
Gelado ou em temperatura ambiente ele é único. Uma sugestão é apenas degustar nas Caves e lojas de Porto e Vila Nova de Gaia.
Quando for comprar, visite um dos supermercados de Porto. Você conseguirá comprar uma boa garrafa pelo mesmo valor que paga por algumas doses em um bar.
Comprei uma garrafa de excelente qualidade envelhecida dez anos por seis euros.
Os azulejos pintados a mão
Os azulejos são um símbolo da identidade cultural de Portugal. Um lugar que exibe com orgulho e pertencimento a própria história.
A cidade do Porto exalta seus valores, crenças e costumes nos painéis de azulejos coloridos ou nos tons azul e branco que lhe são peculiares.
Na cidade do Porto, além de respirarmos arte, cultura e história, há uma magia e um encantamento únicos. E esse encantamento traz consigo as marcas do tempo em constante diálogo com o novo.
Os azulejos do Porto são veículos de história e expressão artística no centro histórico da cidade.
Conhecer Portugal e não se encantar com a presença dos azulejos em tantos edifícios históricos, casas e monumentos é tarefa árdua, tamanha beleza que domina as paisagens urbanas locais.
Foi Dom Manuel I quem trouxe os azulejos de Sevilha, na Espanha, para Portugal, durante o século XV.
Conta-se que o monarca adquiriu as primeiras peças em azulejo em meados de 1498 para decoração do Palácio Nacional de Sintra. E apesar de terem vindo da Espanha, os azulejos também não nasceram por lá.
Na verdade, os pioneiros na arte dos azulejos são os árabes muçulmanos, que disseminaram os azulejos durante a expansão árabe na idade média.
E vale ressaltar que os azulejos foram também inspirados pelas porcelanas chinesas, com suas pinturas e desenhos orientais.
Portugal seguiu exportando seus azulejos da Espanha, Itália e Holanda até os próprios portugueses dominarem a arte durante o século XVI. Em Portugal, a produção de azulejos desenvolveu a sua própria identidade, marcada por painéis que contam histórias e cenas que marcaram a trajetória dos portugueses em suas conquistas e grandes navegações.
Por volta do ano 1560, começaram a surgir as primeiras fabricações de azulejos portugueses, devido ao uso crescente do azulejo como revestimento. E assim, a produção de azulejos com características próprias, constituídas a partir das mais variadas influências, foi se consolidando em Portugal.
Essa combinação das cores azul e branco, presentes na maioria dos murais portugueses, é devido à influência da azulejaria holandesa, uma vez que, ao final do século XVII, Portugal passou a trazer azulejos da Holanda e seguiu com essa prática durante cerca de cinco décadas.
O uso da cor azul é devido ser a forma mais fácil de imprimir no azulejo quando este vai ao forno. Porém, historiadores contam sobre a influência religiosa nas cores dos azulejos portugueses, onde o azul representa o céu e o branco representa a pureza.
De fato isso faz todo sentido, pois, sendo Portugal um país religioso, em sua maioria, a igreja detinha forte poder, então, naturalmente religião e cultura estavam intrinsecamente ligadas. No século XIX o uso dos azulejos definitivamente saiu dos palácios e ganhou as ruas do Porto.
Caminhando por Porto, você não conseguirá estar longe a poucos passos de uma destas maravilhas.
O Fado
Uma explicação popular para a origem do fado de Lisboa remete para os cânticos dos mouros, no entanto, tal explicação não está inteiramente comprovada.
Apesar de não existirem registros do fado até ao início do século XIX, era conhecido no Algarve, último reduto dos árabes em Portugal em 1249, e na Andaluzia onde os árabes permaneceram até aos finais do século XV.
Em Porto, estivemos em um jantar regado por momentos de fado que confesso ter sido uma das minhas melhores experiências com este estilo típico.
Apesar do bairro de Alfama em Lisboa ser um reduto do fado com mais de setenta casas especializadas no estilo, estando em Porto, você também poderá viver este momento regado por uma boa comida e nosso incrível vinho.
Vila Nova de Gaia
Centro da indústria do vinho do Porto, Vila Nova de Gaia está repleta de caves com visitas e provas. Também conhecida pelas praias de areia, como a Praia da Madalena, e pelo Cais de Gaia, uma via cénica junto ao rio, com cafés com esplanadas e vistas panorâmicas do Douro.
Pequenos restaurantes servem peixe grelhado e marisco na antiga vila piscatória da Afurada, onde pitorescas casas em azulejo ladeiam ruas estreitas.
Gaia tem e sempre teve uma ligação muito forte à cidade vizinha do Porto, não apenas pela partilha do patrimônio comum do Vinho do Porto, mas também pelo fato de, no passado, as famílias burguesas e nobres do Porto terem, em Vila Nova de Gaia, quintas e casas de férias.
Nas últimas décadas, devido ao crescimento econômico e à melhoria das comunicações com a margem norte do rio Douro, Vila Nova de Gaia, progressivamente, acolheu a população que trabalha, diariamente, no Porto.
Caminhar pelas ruas à margem do Rio Douro, almoçar nos restaurantes ou mesmo comer um bom bolinho de bacalhau são sensações que você não pode deixar de sentir.
O teleférico é muito interessante e também ajuda na subida à ponte, local em que você poderá ver toda a cidade de cima e tirar fotos incríveis.
Não passe correndo por Vila Nova de Gaia. Reserve um bom tempo com qualidade e deguste deste pedaço único de Portugal.
Aproveite Porto e Vila Nova de Gaia e se você quiser conversar e compreender mais sobre Portugal, agende um momento para conversarmos e juntos discutiremos seu futuro em Portugal.
Forte abraço!
Sobre o autor,
Benício Filho – Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente também está concluindo o curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador dá Palestras & Conteúdo, Sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal), atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio), além de participar de programas de aceleração como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros. Palestrando desde 2016 sobre temas como Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência, já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.
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