Portugal e Europa Pós-Covid-19
Cenários possíveis para preparar sua empresa no presente para a internacionalização no futuro
Em dezembro de 2019 foi anunciada a detecção de um novo vírus na China. Este vírus, o Covid-19, que ao início foi desvalorizado por muitas pessoas, até mesmo por muitos governos e depressa se espalhou pelo Mundo, demonstrando a fragilidade de muitos sistemas de saúde e, com a necessidade de se implementar medidas de contenção – como o fechamento de negócios e atividades econômicas – para baixar o ritmo de propagação da doença, demonstrou também a fragilidade dos sistemas Econômicos Mundiais. Agora, ainda que não haja previsões concretas para o fim desta crise pandémica, antecipam-se tempos difíceis, havendo então cenários que se podem antecipar.
Especialistas indicam quatro cenários possíveis para o período Pós-Covid, a nível global. Apesar de serem apenas cenários e não previsões, estes cenários podem ajudar-nos a preparar as nossas equipas e a atuar no presente para que, no futuro, seja possível estarmos mais e melhor preparados. Estes cenários correspondem ao que os especialistas creem que irá suceder no início de 2021.
Gravidade do impacto econômico versus duração
CENÁRIO 1: RECUPERAÇÃO RÁPIDA
O primeiro cenário, o de recuperação rápida, é o cenário possível caso as medidas drásticas implementadas, para mitigação do vírus, tenham efeito, reduzindo a velocidade de propagação do vírus até maio de 2020. Neste cenário, prevê-se que na área da medicina tenham sido e sejam feitos inúmeros esforços para o desenvolvimento de medicamentos, sendo descoberta uma vacina até ao início do outono Europeu de 2020. Neste cenário prevêem-se várias inovações também ao nível do diagnóstico, que tornarão possível que infecções futuras sejam detectadas de forma muito mais rápida, permitindo que apenas pacientes individuais sejam isolados para prevenção de crises futuras. Este cenário prevê que, aos poucos, a vida das entidades públicas e privadas voltem à normalidade em maio de 2020. O desenvolvimento e inovação tecnológica permite novos métodos de trabalho recorrendo a novas tecnologias, sendo estas agora um staple para a sociedade, tendo sido então criadas inovadoras formas de trabalhar e de conviver em sociedade.
Em termos econômicos, prevêem-se intervenções massivas por parte de governos e de bancos centrais, por forma a conter os níveis de desemprego e de insolvências. As insolvências evitadas permitem estabilizar o sistema bancário, e os sistemas de previdência social serão, com base no que se aprendeu durante esta crise, repensados e reconstruídos por forma a evitar crises futuras. A grande maioria das empresas recupera, gradualmente, os seus níveis de vendas para valores próximos dos verificados no outono (Europa) de 2019 mas mais de 5% das empresas entram em insolvência. Prevê-se uma quebra em cerca de 6% da economia global, com a Europa e os EUA a registar quedas de 10%. A recuperação da economia verifica-se logo após o término dos bloqueios de fronteiras.
CENÁRIO 2: CRISE LONGA
No cenário seguinte, em que se antevê uma crise longa, verifica-se que em muitos lugares do mundo as medidas de mitigação da pandemia chegaram tarde demais ou foram insuficientes, levando a que apenas no outono na Europa de 2020 se tenha conseguido conter a propagação do vírus, altura em que já dois terços da população mundial esteve infectada. Investe-se bastante no desenvolvimento de medicamentos para prevenir e curar a doença, e apesar destes já estarem disponíveis no verão Europeu, a quantidade disponível não é suficiente para administrar a todos os doentes. A utilidade da vacina é bastante contestada, devido ao rápido período de desenvolvimento da mesma.
Neste cenário, as restrições à vida pública duram até ao outono (hemisfério norte) de 2020, havendo ainda novos surtos em algumas regiões, a maioria destes surtos por pessoas infectadas que não cumprem medidas de isolamento. Em termos económicos, verifica-se que os bancos necessitam de resgates, tendo sido estabilizados através de nacionalizações e garantias, o que impediu o colapso econômico global. Neste cenário houve intervenção do estado ao nível das empresas, através da nacionalização de muitas delas. Apesar disso, estas nacionalizações vieram tarde demais e 15% das empresas declaram falência. O número de desempregados duplica para mais de 15% por toda a Europa. A economia global cai 10%, sendo que na Europa e nos EUA a queda é de mais de 15%. A recuperação económica é lenta.
Consequência do Covid-19 nos mercados
CENÁRIO 3: MEGA CRASH
Um outro cenário, o cenário de mega crash, em que se verifica uma bem-sucedida contenção do vírus até o outono europeu, havendo, no entanto, posteriormente, um novo surto do vírus, causado por mutações do mesmo. Assim, os níveis de imunidade de grupo que haviam sido alcançados até então ficam sem efeito, e não existe ainda uma vacina aplicável para prevenção da doença. Neste cenário, existe ainda uma forte regulamentação à vida normal da sociedade, imposta pelo poder estatal. Em termos de sociedade, a confiança das pessoas está em níveis muito baixos, verificando-se aumentos de xenofobia, agressões contra autoridades, conflitos e violência social. Verifica-se, em muitos países, o aumento de políticas isolacionistas, o que leva a uma severa restrição da cooperação entre países. Para além destes aspetos, verifica-se uma falta de sustentação das cadeias de abastecimento, o que aumenta o nível de desconfiança da sociedade.
Em termos económicos, muitos bancos que se encontram em dificuldades não são resgatados, por carência de vontade e de meios por parte do Estado. No entanto, são criadas medidas de proteção de depósitos para depósitos de clientes. O BCE cria medidas, equivalentes à reforma da moeda, que levam a que muitos cidadãos percam os seus ativos financeiros e poupanças resultantes de um vida de trabalho. A União Europeia como um todo está em sérias dificuldades, com muitos países a anunciar a sua vontade de sair. Em termos empresariais, verifica-se que a maioria das empresas gera apenas 50% das vendas feitas em 2019, sendo que muitas pessoas estão a optar por comprar apenas bens de primeira necessidade. Apesar de inúmeros esforços por parte dos governos e de bancos centrais, 30% das empresas entram em insolvência, verificando-se uma explosão no desemprego para níveis superiores a 30% nos países europeus. Em termos globais, a produção económica mundial cai em cerca de 25%.
CENÁRIO 4: MUDANÇA DE SISTEMA
O último cenário considerado pelos especialistas é o mais preocupante dos quatro, indicando que haverá uma mudança de sistema. Este cenário é muito semelhante ao anterior em termos de avanço do vírus e da medicina. A nível da sociedade, verifica-se um clima de elevada instabilidade que promove o medo e o aumento de níveis de agressão das populações. Em todo o mundo verifica-se o surgimento de diversos grupos sociais em protestos massivos e violentos, em alguns lugares chegando a condições semelhantes a guerras civis. Muitos governos são derrubados. As maiores alterações que se verificam entre este cenário e o anterior é ao nível dos Estados, em que os autores dividem em sub-cenários com três diferentes modelos:
– No primeiro modelo, que denominam de Trumpismo, os autores consideram que irá haver uma quebra radical de estruturas previamente estabelecidas por parte de novos governos populistas de direita. Estes governos irão abolir massivamente os regulamentos ecológicos e sociais estabelecidos previamente, seguindo programas nacionalistas e anti globalistas.
– No segundo sub-cenário, que toma a China como modelo, os autores indicam que haverá conquista dos Estados por parte de governos populistas de esquerda, que serão vistos com a única garantia de justiça possível, assumindo estes uma grande parte da economia através de expropriações em vários países do globo. Ao nível de políticas externas, as estratégias de comércio exterior serão agressivamente nacionalistas, fazendo com que o mundo fique, novamente, dividido em blocos.
– O último sub-cenário identificado indica uma terceira via, que esta crise tornou claro que é necessária cooperação entre países e sociedades. Formam-se em muitos países governos de centro que consultam cientistas de diversas áreas por forma a repensar a estrutura das sociedades, a política e a economia. Apesar disso, a pressão sem precedentes por parte da população permitiu prosperidade social, maior proteção ambiental, aumento da tecnologia e a livre iniciativa com padrões sociais e ecológicos estritos.
Todos estes cenários evidenciam que o futuro próximo está repleto de desafios. Evidentemente há cenários piores que outros e ainda que possamos ter fé de uma recuperação económica rápida, fé, neste caso, não chega. É necessário que os líderes e as equipes se adaptem a este momento e que tentem aproveitar oportunidades que possam advir da crise que aí vem. Se olharmos para a grande depressão dos anos 30, ou até mesmo para a crise de há uma década, vemos que muitas foram as inovações então desenvolvidas que ainda hoje perduram e estão bem presentes nas nossas vidas.
Vemos como, em tempos de crise, muitas foram as empresas que cresceram, que mudaram, que se estabeleceram e inovaram, reinventando-se a si mesmas e ao Mundo através do engenho e da inovação. A inovação é uma das melhores ferramentas do génio Humano, é através da inovação que nos adaptamos a novos contextos. Se as crises são eventos disruptivos então devemos optar por procurar, em nós mesmos enquanto indivíduos, enquanto empresas e sociedade a inovação. Só assim podemos ter confiança que conseguiremos superar os desafios de amanhã. Porque, como o intelectual, escritor e empresário Brasileiro, Roberto Simonsen, outrora disse: “Otimismo é esperar pelo melhor, confiança é saber lidar com o pior”.
Criamos um super e-book que vai auxiliar você empresário a entender os cenários e as projeções que cada um desses cenários impactam nos setores da medicina, sociedade, estados, empresas economia mundial e mercado de ações.
Ao final do E-book mostramos os caminho para Inovar e criar oportunidades após a crise, com:
– Prioridades;
– Tipos de Inovação;
– Estratégias de Atuação;
– Impacto no processo de internacionalização
Senior Consultant e Coordenadora de equipa na inoDev
Com formação em Gestão, tem experiência na banca e em consultoria. Esteve envolvida em projetos de inovação em diversas áreas, como Agricultura, Saúde e Tecnologia e tem um foco na análise de negócios e modelação estratégica.
Responsável, na inoDev, pelos sistemas de incentivos portugueses – PT2020.
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