Portugal além mar: Serra da Estrela e o caminho das Faias
Serra da Estrela é uma das zonas verdes mais vastas de Portugal. Foi o primeiro parque natural em Portugal formando a maior área protegida em solo português, distribuídas por seis municípios diferentes.
Aqui podemos encontrar o ponto mais alto do território continental, o nascimento dos dois maiores rios portugueses e uma inesperada paisagem, onde abundam os vestígios da glaciação.
A sua orografia de proporções colossais, sua riqueza humana, cultural, histórica e gastronômica, fazem dessa região um lugar de beleza indescritível.
A Rota das Faias na Serra da Estrela é mais do que uma trilha de pedestres, é uma grande e inesquecível experiência sensitiva!
O seu nome provém do fato deste percurso mergulhar no interior de uma densa floresta de faias, plantada pelos Serviços Florestais de Manteigas no início do século XX proporcionando uma caminhada repleta de surpresas para quem deseja conhecer a serra, as suas gentes e costumes.
Estive em Serra da Estrela logo no começo do período frio, no final do Outono. Não pude ver a neve farta por lá no inverno.
Mas pude caminhar e ver a floresta de faias mudando o solo com suas cores e folhas caídas. Também pude contemplar gastronomia, lugares únicos e sentir uma energia incrível.
As florestas das faias
A Rota das Faias possibilita a descoberta de algo novo e surpreendente a cada instante, desde a vegetação esplendorosa a paisagens fulgurantes, que juntamente com a agricultura e a pastorícia proporcionam um passeio perfeito para quem deseja conhecer a serra, as suas gentes e costumes.
Mais do que um trilho pedestre, a Rota das Faias é uma experiência sensitiva, onde os odores a rosmaninho, hortelã-brava, alfazema e tomilho se fundem com magníficos quadros que rodeiam o olhar de quem os observa.
A sua denominação advém do fato deste percurso mergulhar no interior de uma densa floresta de faias, plantada pelos Serviços Florestais de Manteigas no início do século XX.
Imagine você que todas as árvores que encontramos no trajeto da floresta em Serra da Estrela foram plantadas pelo serviço florestal.
Para além desta espécie, também há a destacar o castanheiro, a giesta, o Pinheiro-do-Oregon e os imponentes carvalhos monumentais que rodeiam a Capela de S. Lourenço, lugar de culto de reminiscências pagãs, relacionadas com a adoração das árvores e do Sol – no solstício de Verão, quem está em Manteigas vê o sol nascer sobre S. Lourenço.
Na paisagem natural sobressai o Vale Glaciar do Zêzere, em forma de “U”, a Torre, o Cântaro Magro, o Cântaro Gordo e as Penhas Douradas.
São Lourenço oferece uma vista panorâmica para o acumular de serras que se estende até a Espanha. Em 1º plano surge a cumeada da Lomba das Cancelas, que limita a Beira Alta da Beira Baixa, e o Cabeço da Azinheira.
O contato com a vida rural e pastoril é uma tônica presente ao longo do trilho, uma vez que o mesmo é utilizado por pastores para se deslocarem com o seu gado até os locais de pastoreio, permitindo eventuais interações com quem percorre a Rota.
Os povoamentos florestais, os matos e as linhas de água presentes, proporcionam diversidade faunística. De salientar a existência de mamíferos como a raposa, a fuinha, a doninha ou o javali.
Nas aves, o peneireiro, a coruja e o corvo. Os répteis são representados pela víbora cornuda, pela Lagartixa-do-mato ou pelo sardão.
Caminhar por estas florestas é realmente algo especial. Imagino você milhares de árvores que ao olharmos de longe externam cores entre o amarelo e o vermelho.
O entrar da luz pela floresta entre as árvores cria alguns cenários dignos de grandes filmes. Eles não duvidam que tenham sido gravados à exaustão nesta região.
A beleza das faias se percebe caminhando
Começamos o caminho logo após uma subida bem longa de mais de vinte minutos de carro. Estas florestas não estão no ponto mais alto da serra mas com certeza, despontam como um dos mais.
Nossa caminhada foi bastante agradável tendo como companheiro a todo instante as árvores que alterando cores compunham um mosaico difícil de esquecer.
Estar atento e perceber as cores, sinais e sons dos animais é incrível. Outro ponto forte da serra são as nascentes que a todo momento marcam seus rastros entre as árvores.
Caminhamos por mais de uma hora literalmente até cansarmos e ao final da trilha, depois de encontrar muitos outros caminhantes pelo trajeto, voltamos ao ponto inicial e fomos em busca de mais um tesouro da serra.
Poço do inferno
Apenas o nome lembra algo que não é lá tão amistoso assim. Garanto a você que neste inferno você irá querer passar um bom tempo contemplando.
A água que forma este poço vem de cachoeiras e cursos de água que serpenteiam a serra e constroem um mosaico impressionante de beleza e requinte.
Esta é uma das características da serra. Já viajei para muitos lugares no mundo, mas tenho a impressão de que a natureza foi bastante dedicada na Serra da Estrela.
São muitos os pontos que você pode contemplar a vista, as belezas e os mirantes. Estes são também momentos à parte. A quantidade de locais preparados para você estacionar e tirar boas fotos é impressionante.
Glaciar do Zêzere
O vale do glaciar, ou vale em U, é o termo empregado para definir um vale de origem glaciar, encontrado nas regiões de montanha, resultantes do trabalho de erosão de um glaciar que anteriormente ocupava o vale atual.
O vale glaciar por onde corre o Rio Zêzere é o maior vale glaciar da Europa e estende-se por 13 quilômetros de comprimento, desde o maciço central da Serra da Estrela até à vila de Manteigas.
O Vale Glaciar serve de berço ao Rio Zêzere e dá vida às dezenas de rebanhos de cabras e ovelhas que estendem pelas suas encostas.
Fácil agora entender por que os famosos queijos da Serra da Estrela são ali produzidos. A melhor forma de apreciar este magnífico vale é percorrendo de carro a estrada Nacional N338 que liga Manteigas à Torre.
Foi este caminho que fizemos em uma tarde onde a temperatura beirava os 0 graus e as fotos apenas não ficaram melhores em função da névoa que cobria boa parte do vale.
Também é possível fazer a pé, através do trilha de 17 km, a Rota do Glaciar. Ao longo do percurso não é difícil ficar cativado pelas encostas íngremes e pelas bolas graníticas que miraculosamente se suspendem nos píncaros da Serra.
Os melhores queijos de cabra do mundo
O Queijo Serra da Estrela é um queijo português feito com leite de ovelha, e com denominação de origem protegida.
As mais antigas menções a este queijo remontam ao século XII, tornando-o o mais antigo dos queijos portugueses.
É um dos mais afamados queijos de ovelha de todo o Mundo. Esteve presente nas mesas reais e foi mesmo evocado por Gil Vicente no século XVI.
A Serra da Estrela serve de pasto às ovelhas das raças “Serra da Estrela” ou “Churra Mondegueira”, que são consideradas como as de melhor aptidão leiteira.
Para que o queijo atinja a qualidade desejada, deve ser feito sempre da mesma ordenha. Atualmente, o fabrico do queijo e seu ritual são feitos de forma tradicional, como há centenas de anos.
Os pastores saem com o rebanho de manhã e regressam ao fim da tarde. Mulheres e filhas fazem o queijo de acordo com as técnicas que as suas antecessoras lhes levaram.
O pastor deve escolher cuidadosamente o pasto das suas ovelhas, pois certas ervas dão mau gosto ao leite. Todos os dias, o pastor ordenha as ovelhas ao cair da noite, após o que a sua mulher prepara o leite para fazer o queijo.
Uma única certeza: logo voltarei à Serra da Estrela!
Serra da Estrela deixa apenas uma certeza, quero voltar mais vezes para lá. Fiquei apenas quatro dias e poderia ter sido um mês para apenas conhecer uma parte.
Dos lugares especiais e únicos pela beleza encantadora do local tenho sinceramente a certeza de que voltarei.
A experiência gastronômica deixou seus registros em minha memória assim como toda a beleza reunida em minhas lembranças.
Visite a Serra da Estrela! Mas se você quiser conversar e compreender mais sobre Portugal, agende um momento para conversarmos e juntos discutiremos seu futuro em Portugal.
Forte abraço!
Sobre o autor,
Benício Filho – Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente também está concluindo o curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador dá Palestras & Conteúdo, Sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal), atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio), além de participar de programas de aceleração como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros. Palestrando desde 2016 sobre temas como Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência, já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.
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