Os erros mais comuns na internacionalização de empresas
Errar é humano, temos que aprender isso. Nossa cultura no Brasil não estimula o erro, pelo contrário, condena quem erra como se ele fosse a pessoa mais incompetente do mundo.
Claro que ninguém quer errar, todos nós queremos acertar. O sucesso de um projeto pessoal, profissional ou de qualquer outra atividade é sempre melhor do que fracassar.
Mas em outras culturas, premiasse a atitude e o aprendizado, sendo assim, o erro tem um peso menor. Mas no Brasil ainda temos que vencer este estigma.
Nos últimos anos, foram muitas as nossas experiências em relação às falhas de empresas brasileiras neste processo de internacionalização.
Elencar o que é sabidamente um erro em um processo de internacionalização pode ajudá-lo a construir o caminho mais validado, mas longe de ser o único.
Se os erros são para seres entendidos como aprendizado, porque errar em atitudes, processos e investimentos que já são validados por outros empresários? Bem, é justamente isso que quero provar neste artigo. Boa leitura e bons aprendizados.
EMPREENDER FORA DO BRASIL NÃO É FÁCIL
Empreender em qualquer lugar fora do Brasil não é simples ou fácil. Os desafios são sempre enormes e estão ligados a uma série de dificuldades inerentes ao processo.
Fit do produto ou serviço com o mercado, cultura local, time envolvido, e projeto estruturado. O ideal é entender exatamente o que você quer com este projeto.
Se empreender fora do Brasil não é fácil, empreender em Portugal também não é diferente. Os desafios se apresentam e podem ser vencidos para todos aqueles que construírem um planejamento consistente.
Vamos aos erros mais comuns e elenco cinco deles para ajudar a evitá-los.
SEU PRODUTO NÃO FAZ SENTIDO FORA DO BRASIL
Sempre bato neste ponto incessantemente! Não é trivial ter certeza se o produto ou serviço que você vende faz ou não sentido fora do Brasil. Nossa paixão por nosso país é incrível, mas boa parte do que temos aqui não faz sentido fora das nossas fronteiras.
Nem todo lugar do mundo irá comer nossos frutos e comidas típicas. De móveis típicos de Minas Gerais a frutos muito exóticos, achamos que tudo faz sentido fora do Brasil e isso não é verdade.
Podemos e devemos acreditar no que temos de patrimônio, mas é fundamental validar se este produto ou serviço tem mesmo mercado.
Paixão não adianta nada neste momento, o mais correto é uma boa dose de ceticismo. Veja que para o pão de queijo dar certo em Portugal muitos investiram todo o dinheiro neste projeto e nada colheram.
Você quer ter bons lucros em euros ou perder tudo que construiu?
Convido você a entender melhor como saber se seu produto tem ou não fit com o mercado de Portugal. O Market Fit poderá ajudá-lo a entender se está diante de uma oportunidade ou algo que deva ser esquecido.
VIAJAR PARA PORTUGAL PARA TENTAR ENTENDER O MERCADO
A quantidade de empresários brasileiros que viajam para Portugal com a missão de tentar entender se existe uma oportunidade em um determinado segmento é imensa.
Estes empresários investem uma quantidade incrível de recursos financeiros e de tempo. Imagine que apenas uma viagem com duas pessoas de sete dias pode consumir uma demanda de recursos da casa de 20 mil reais.
O tempo investido também você pode imaginar. Nestes sete dias a imersão deve ser total além da preparação antes da viagem e depois.
O resultado é completamente questionável. A visão na maioria dos testemunhos que já tivemos é muito superficial. Conhecer o mercado em Portugal exige que se tenha conexões.
Não se gera conexões em uma viagem de sete dias. Não perca seu tempo e dinheiro em uma ação que não irá trazer a você a visão correta sobre o mercado, ecossistema e oportunidade.
Ter apoio correto neste momento validando a oportunidade é o melhor caminho. Uma missão empresarial pode ajudá-lo pois muitas vezes estas missões são pautadas justamente no que você precisa. Mas elas são raras.
Uma viagem para prospectar pode ser apenas mais uma tentativa superficial de entender o mercado. Tome cuidado com a sua vida que está em jogo.
QUERER EMPREENDER EM PORTUGAL ESTANDO NO BRASIL
Este é um ponto que causa uma enorme confusão. Muita gente pensa que o empresário pode abrir uma empresa no Brasil e prospectar em Portugal. Abrir juridicamente uma empresa em Portugal estando no Brasil pode mesmo ser feito, mas não é sobre isso que estou falando.
Prospectar clientes, parceiros e demais agentes no ecossistema de Portugal pode ser possível mesmo no Brasil, mas garanto para você que a efetividade é muito baixa.
O europeu quer entender o que queremos em seu continente e estando daqui somos mais uma empresa a querer ocupar o lugar de quem está seriamente lá fisicamente fazendo negócios e gerando riqueza.
Sempre é possível fazer prospecções do Brasil para qualquer país do mundo, mas é necessário entender o que queremos com estas ações. Se o projeto é internacionalizar, pense bem em qual imagem você quer passar.
Um vendedor apenas ou uma empresa séria que está expandindo.
NÃO PRIORIZAR O PROJETO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DENTRO DA EMPRESA
Quando o projeto de internacionalização não é priorizado dentro da empresa o risco é que ele se torne uma área de exportação. Isso não é realmente um problema, se exportar for seu objetivo.
Mas se de fato internacionalizar é uma questão de estratégia, não deixe a margem os esforços necessários para que isso ocorra.
Criar atenção especial e por consequência colocar a energia necessária para que desse projeto você tenha uma jornada de internacionalização é um passo bem diferente.
Internacionalizar exige que a estratégia de expansão da empresa esteja alinhada com estes objetivos. Internacionalização pressupõe presença internacional.
DIVIDIR O TIME DE INTERNACIONALIZAÇÃO COM OUTROS PROJETOS
Uma pergunta que faço logo nas primeiras reuniões de trabalho é justamente quem irá para Portugal tocar esta nova frente.
Quando a resposta é que ainda não sabemos, mas já temos uma pessoa que quer se mudar para lá, ficamos mais tranquilos. Mas quando este é um tema sem uma resposta, acendemos a luz amarela.
Time dedicado, alguém que tenha como projeto de vida se mudar para Portugal e vontade para que isso ocorra colocando em uma jornada de tempo cada uma das etapas é essencial.
Portugal pode ser um novo recomeço de vida e acompanhamos o tempo todo histórias muito felizes. Morar em um país de primeiro mundo onde muitos dos problemas já foram equalizados é muito animador.
Mas não se iluda, deixar o país de origem é um grande desapego. Já combinou com sua família a mudança de vida que o eleito ou escolhido para se mudar para Portugal terá que fazer? Esse é o pontapé inicial de tudo.
Criamos ao longo dos últimos anos uma rede imensa de parceiros. Será um prazer estar com você nesta jornada.
Planejar é fundamental, mas lembre-se, em Portugal somos estrangeiros, esteja na companhia correta. Marque um momento e vamos juntos para Portugal.
Se quiser conversar comigo, terei o maior prazer em ajudá-lo neste processo para Portugal.
Sobre o autor,
Benício Filho – Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente também está concluindo o curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador dá Palestras & Conteúdo, Sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal), atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio), além de participar de programas de aceleração como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros. Palestrando desde 2016 sobre temas como Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência, já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.
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