Mercado de educação em Portugal, como funciona?
Desde 2015, a União Europeia observa a ascensão educacional de um país que, a despeito de ainda sentir os efeitos de uma grave crise econômica e estar entre os mais pobres do bloco, chama atenção por seus resultados no principal teste internacional de educação.
Portugal conseguiu que seus alunos de 15 anos ficassem acima da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, organização também conhecida como “clube dos ricos”) nos domínios avaliados pelo Pisa: ciências, leitura e matemática.
Aliás, desde que o exame começou a ser aplicado pela OCDE nos anos 2000, a cada três anos, Portugal avança mais um pouco. Assim, há pelo menos uma década e meia, o país europeu mantém essa trajetória nos seus resultados e é o único do continente que melhora seu desempenho a cada ano.
Se você possui interesse em abrir empresa em Portugal para promover a formação de empregados e outros profissionais para aperfeiçoar a mão-de-obra do país, as suas chances de prosperar com a sua ideia são grandes. Além disso, poder atrelar esta necessidade com a tecnologia e ensino online, no estilo EdTech, é outra ferramenta poderosa para o sucesso do seu negócio.
Comunidade escolar
É tamanha a consistência de resultados que Portugal hoje recebe informalmente a alcunha de “estrela ascendente da educação internacional” – e fez isso sem apostar em nenhuma grande estratégia educativa, mas investindo nas pessoas que formam a comunidade escolar, especialmente as mães e as crianças de 0 a 6 anos.
Nos últimos 50 anos, Portugal tem apresentado uma evolução educacional que vai além da dimensão escolar. Advém de um esforço amplo de mudança do status socioeconômico e cultural da população em geral, particularmente das comunidades de menor renda.
A partir dos anos 1970, Portugal universalizou o ensino, passando a ter todas as crianças em idade escolar na escola. Isso significa que os pais das crianças que estão hoje na escola são a primeira geração escolarizada – isso leva a outra maneira de educar e também a expectativas diferentes em relação ao percurso acadêmico dos filhos.
Construção do ensino
Se há uma receita portuguesa para a evolução na educação, ela passa por trabalhar em conjunto e de forma consistente a organização da sociedade. A percepção geral é de que as instituições públicas portuguesas são bem estruturadas, com foco no desempenho dos alunos, espaço para crítica entre colegas e planejamento de atividades de acordo com os resultados.
No que tange os docentes, há muitas variantes e nenhuma dúvida de que é preciso haver bons professores para haver boas escolas, mas o desafio que preocupa atualmente Portugal é o envelhecimento desta população.
De acordo com a OCDE, apenas 1% dos professores de ensino básico e secundário têm menos de 30 anos e 38% têm 50 anos ou mais – um aumento de 16% entre 2005 e 2016.
Existe um risco de escassez de professores, devido ao pouco interesse dos jovens pela profissão. Segundo as últimas conclusões do Education at a Glance, o salário está compatível com o mercado de trabalho e, no topo de carreira, até acima da média dos outros países. O que torna a formação inicial menos atraente aos jovens é a falta de vagas de trabalho. Sabendo que a tendência é o desemprego, os jovens não escolhem a carreira.
Salário dos professores
Apesar dos bons resultados constantes, ser professor em Portugal não é uma carreira fácil, assim como acontece no Brasil. São muitas as queixas sobre processo de contratação, uma vez que podem demorar a conseguir se efetivar no quadro de professores e, até conseguirem receber um salário mais baixo que o primeiro escalão.
Além disso, também são muitas as queixas sobre o plano de carreira, que apesar de existir, as dificuldades para subir de escalão são muitas e um professor pode demorar mais de 30 anos para alcançar o topo da carreira.
Trabalhar em Portugal como professor é possível para brasileiros. Após validar o diploma, há a possibilidade de atuação no setor público e privado. O processo de validação pode ser totalmente realizado pela internet, através do site português da DGES – Direção-Geral do Ensino Superior.
Para o brasileiro com interesse em trabalhar em Portugal como professor, é importante saber que há duas formas de conquistar uma vaga. Para se tornar professor titular do ensino público é necessária aprovação em concursos, assim como no Brasil. Para a educação privada, o candidato é avaliado pelo seu currículo, as qualificações e experiências são muito valorizadas.
Também é comum a contratação terceirizada de professores auxiliares ou assistentes para a rede pública. Dessa forma, a atuação não exige aprovação em concurso, pois segue a forma de contratação do setor privado.
O sistema de ensino português é dividido em quatro categorias: infantário, básico, secundário e superior. A taxa de matrícula no ensino básico é próxima de 100%, o que significa que há grande demanda de profissionais.
Algumas áreas de ensino são mais fechadas para estrangeiros, como literatura, língua portuguesa e história. A diferença entre o português brasileiro e o português de Portugal, além das diferenças culturais, influenciam nesses casos.
O salário de um professor acompanha a ascensão na carreira e cresce à medida em que os anos de atuação e experiência aumentam. A média salarial bruta dos professores portugueses em início de carreira, independente do nível em que atuam, gira em torno de 22 mil euros anuais. E o aumento considerável de salário leva, em média, até 15 anos para acontecer, podendo atingir o patamar de 28 mil euros anuais.
Já o salário máximo, próximo ao valor de 48 mil euros anuais, pode exigir até 34 anos de carreira.
Compartilhe:
Quer levar sua empresa para Portugal?
Posts relacionados
Termômetro de maturidade para internacionalização, o que é isso?
Tempo de leitura: 5 minutos Quando uma empresa define que...
Ler mais arrow_right_altExplorando o potencial do mercado de produtos orgânicos em Portugal
Tempo de leitura: 4 minutos O mercado de produtos orgânicos...
Ler mais arrow_right_alt