Diferenças culturais que o brasileiro deve saber para empreender em Portugal
Temos nos últimos cinco anos ajudado muitos brasileiros a empreender em Portugal. Já somam-se mais de 500 brasileiros que de alguma forma foram impactados ou mesmo fizeram algum dos nossos programas de inovação para Portugal.
Nossos programas, nascem dos estudos que fizemos e continuamente atualizamos, onde comprovamos que para um processo de internacionalização de uma empresa no Brasil avançar, ele deveria partir sempre de Portugal.
Que fique claro aqui que não se trata de termos uma língua comum mas que de fato nossa cultura tem proximidade, o que fortalece este movimento de internacionalização por Portugal. Neste artigo iremos aprofundar com você alguns pontos da nossa metodologia lançando as diferenças culturais a partir, justamente, do que nos aproxima.
Ao iniciar uma jornada de empreender em outro país, temos que ter claro dois pontos: Primeiro é a humildade de entender que “nós” é que, neste caso, somos os estrangeiros. E que para dar certo um movimento de empreender em Portugal você precisa combinar tudo isso com sua família, afinal estamos falando de um projeto de vida não um movimento qualquer.
NOS COMUNICAMOS DE FORMA PARECIDA MAS SERÁ MESMO QUE FALAMOS A MESMA LÍNGUA?
Quando falamos de comunicação, não podemos apenas focar na língua falada. Somos um conjunto de esferas de contato. Nosso modo de falar, se expressar ou até mesmo de nos vestir pode influenciar diretamente como nos comunicamos.
Os portugueses são literais e nós sempre temos dois ou três sentidos nas frases que falamos. Um exemplo simples disso são nos restaurantes. Muitos brasileiros acham graça quando ao perguntarem se existe tal bebida no restaurante o garçom responde que sim, mas não traz para a mesa.
Um português irá dizer a um brasileiro que falamos alto demais quando estamos em reunião ou ao telefone, mas sinceramente ao ver um português trabalhando nem em uma sala ao lado é possível conseguir privacidade devido ao som que chega até nós.
Ao negociar, somos muito efusivos, com inúmeros argumentos e queremos sempre saber a opinião em relação a nossa proposta. Preço, condições ou ainda se ela é boa ou não. Para eles, portugueses, uma vez enviada a proposta, eles não retornam mais.
Se for interessante para eles, ligam, caso o contrário ou mesmo não sendo o momento deles, simplesmente ficam em silêncio e não retornam. Este é um dos pontos que causa mais desconforto para os brasileiros em negociações em Portugal
Somos muito comunicativos e expansivos. Adoramos, por exemplo, usar o Whatsapp. Mensagens de texto são enviadas por brasileiros em uma velocidade cinco vezes maior que em Portugal. Áudio então nem se fala, quantas vezes recebemos por mensagens verdadeiros podcasts… Cinco, seis minutos em um único áudio.
Portugal, assim como outras nações da Europa, não tem aderência tão elevada às ferramentas digitais como nós. Começando pelos celulares antigos e o desinteresse deles pelas ferramentas de comunicação, posso afirmar que começar um bate papo com um português enviando mensagem é um péssimo começo.
Enviar uma mensagem de áudio, então, pode significar uma porta fechada por muito tempo. Eles simplesmente detestam áudios.
NA TOMADA DE DECISÃO E LIDERANÇA, ELES SÃO DIFERENTES DE NÓS
É muito comum quando temos uma negociação em Portugal em andamento avançarmos até certo ponto e quando parece que iremos fechar temos a frente uma reunião com a alta direção da empresa. Eles sempre querem que seja fechada a proposta com o founder da empresa e da mesma forma querem sempre falar com o proprietário de quem está negociando.
A tomada de decisão está diretamente ligada à liderança. Este é um ponto que gera confusões no Brasil. Atendemos muitos brasileiros que querem empreender em Portugal mas não querem se mudar para Portugal. Sinceramente não acredito neste modelo.
Para os portugueses fica aqui registrado que na Europa não é diferente. Eles sempre dão preferência às empresas que já estão fixadas em Portugal. Não é à toa que focamos em dizer nos processos de internacionalização que ter um head que muda para Portugal é essencial.
Escrevi recentemente um artigo sobre o por que resolvi empreender em Portugal, deixo aqui para você aprofundar sua leitura:
http://atlantichub.web10f112.kinghost.net/2020/10/08/por-que-resolvi-empreender-em-portugal/
Também, vale a pena aprofundar nos pilares que consideramos serem os pilares de sucesso para conseguir sucesso em Portugal.
HUMILDADE PARA EMPREENDER EM PORTUGAL: NÓS SOMOS OS ESTRANGEIROS
Vejo também com frequência dezenas de brasileiros se mudando para Portugal e empreendendo por lá. Também vejo com mais frequência ainda queixas dos dois lados sobre as diferenças que temos. Mas sejamos sinceros: quem está empreendendo em um país diferente do seu de origem é que deveria se comportar com mais sensibilidade para os costumes locais.
Falo com propriedade sobre o tema pois uma das mais frequentes reclamações que ouvimos deriva do fato dos brasileiros instalados em Portugal terem a tendência de tentarem fazer de Portugal um novo Brasil. Bem, jamais podemos esquecer que quando falamos em empreender temos que ter claro o mercado local.
Portugal apenas é muito pequeno. Menos de onze milhões de habitantes. Mas porta de entrada para mais de quinhentos milhões. Respeitar Portugal já deveria ser pilar basilar das nossas relações, porém se faz ainda mais necessário para aquele que quer empreender.
Se você não entende a cultura local, como pode querer oferecer algo a eles? Se não houver um esforço verdadeiro de criar aderência ao mercado local em Portugal, esqueça de entrar no restante da Europa.
Quando decidimos empreender em Portugal, deveríamos ter claro que os estrangeiros somos nós e a humildade é a chave para entender as demandas locais, gerar valor com seu produto e serviço e respeitar sempre as diferenças.
Acredito verdadeiramente que Portugal pode mudar a vida de milhares de brasileiros. Para isso, conte sempre com a Atlantic Hub, empresa que nasceu em Portugal e criou a maior ponte entre os dois países.
Abraço e até o próximo artigo.
Sobre o autor,
Benício Filho –
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente também está concluindo o curso bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Co-Fundador dá Palestras & Conteúdo, Sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal), atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio), além de participar de programas de aceleração como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros. Palestrando desde 2016 sobre temas como Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência, já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul) bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”.
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