Contratar em Portugal: contratar um colaborador português ou brasileiro?

Expandir sua empresa para Portugal é uma decisão estratégica — e, ao começar a contratar em Portugal, surge uma dúvida essencial: é melhor ter no time um colaborador português ou brasileiro?
Essa decisão envolve cultura, legislação, operação e estratégia. A verdade é simples: talento não tem CEP, mas contratando em Portugal você precisará levar em conta o contexto certo para garantir performance e adaptação.
Ao longo dos últimos anos, acompanhei dezenas de empresas brasileiras em processos de soft landing. E posso dizer: não existe resposta única — mas existem caminhos inteligentes.
Cultura de trabalho: um dos fatores mais importantes ao contratar em Portugal
À primeira vista, pode parecer que brasileiros e portugueses trabalham da mesma forma. Afinal, falamos (quase) a mesma língua, temos heranças históricas conectadas e até nos rimos dos mesmos memes. Mas basta iniciar uma reunião de equipe para perceber que o DNA profissional é bem diferente.
O colaborador português tende a ser mais metódico, valorizando a previsibilidade, os processos claros e a estabilidade. Já o brasileiro costuma navegar melhor em ambientes caóticos, é criativo na resolução de problemas e tem uma resiliência quase mágica diante das adversidades.
Qual o melhor? Depende. Se sua operação exige estrutura, consistência e cumprimento rígido de regras europeias, talvez o talento português seja o ponto de equilíbrio. Se você precisa de agilidade, adaptação rápida e espírito empreendedor, um brasileiro pode fazer a diferença.
Agora… e se você tivesse os dois?
Aspectos legais e trabalhistas ao contratar em Portugal
Contratar em Portugal exige uma leitura atenta da legislação local. O sistema trabalhista português é altamente regulamentado e diferente do brasileiro em diversos pontos, desde a duração da jornada de trabalho até os encargos sobre salários e benefícios obrigatórios.
Contratar um português residente é mais simples do ponto de vista burocrático. O processo é direto, e a empresa não precisa se preocupar com vistos ou permissões especiais. Já ao contratar um brasileiro residente no Brasil, você enfrentará o desafio do visto de trabalho, o tempo de aprovação e os custos associados.
Mas atenção: muitos brasileiros já vivem legalmente em Portugal com residência válida. E para eles, a contratação pode ser tão simples quanto a de um cidadão local.
Ou seja, a nacionalidade por si só não define a facilidade do processo. O segredo está em entender o status migratório e a documentação de cada candidato.
Leia também: Contratos de Trabalho em Portugal: Tipos, Regras e Formalidades
Integração no mercado local ao contratar em Portugal
Em Portugal, como em qualquer país, as conexões locais são essenciais para quem está contratando em Portugal.. Um colaborador português tende a ter mais facilidade para navegar pelas nuances regionais, interpretar códigos culturais e abrir portas institucionais com maior naturalidade.
Por outro lado, muitos brasileiros que vivem há anos em Portugal já criaram suas redes locais e conseguem atuar como verdadeiras pontes culturais, traduzindo não apenas o idioma, mas os gestos, os ritmos e as expectativas dos dois mundos.
O erro comum de muitas empresas brasileiras é montar uma equipe 100% nacional, acreditando que isso garantirá alinhamento e agilidade. Na prática, isso pode isolar a operação do mercado português, criando ruídos invisíveis que se tornam obstáculos reais no dia a dia.
Quer uma dica valiosa? Monte um time híbrido. A diversidade (bem gerida) é um dos maiores ativos de uma empresa internacional.
Mentalidade empreendedora x estabilidade institucional: qual seu momento?
O colaborador brasileiro, especialmente os que participaram do ecossistema de startups ou scale-ups, costuma trazer consigo uma mentalidade mais ousada, voltada para o crescimento acelerado, inovação e resolução criativa de problemas.
Já o talento português, especialmente vindo de grandes empresas ou do setor público, valoriza mais a estabilidade, a previsibilidade e o cumprimento rigoroso de normas. Não significa que ele não seja inovador. Mas seu risco calculado é, digamos… mais calculado mesmo.
Sua empresa está no momento de validação e adaptação? Ou já entrou na fase de escalar e consolidar? A resposta a essa pergunta deve guiar o perfil do seu time.
Porque um visionário sem chão pode voar para o lugar errado. E um processualista sem visão pode andar em círculos.
Comunicação e gestão: evite o “falso amigo corporativo”
Na linguagem, há os “falsos cognatos”: palavras parecidas que significam coisas diferentes. No mundo corporativo luso-brasileiro, temos os “falsos amigos culturais”: expressões que parecem comuns, mas escondem intenções distintas.
Por exemplo: quando um português diz “vamos analisar com calma”, ele provavelmente quer dizer que a decisão não será agora, nem tão cedo. Já o brasileiro pode entender como um “sim disfarçado”. Resultado: frustração, mal-entendidos e retrabalho.
Gestores brasileiros em Portugal precisam reaprender a escutar. E colaboradores brasileiros precisam reaprender a se expressar.
Criar rituais de comunicação, estabelecer expectativas claras e cultivar um ambiente de feedback contínuo é mais do que desejável. É essencial.
Confiança, pertencimento e performance: o jogo além do contrato
No fim das contas, a pergunta que realmente importa não é “português ou brasileiro?”. Mas sim: essa pessoa entende meu propósito, compartilha meus valores e está comprometida com a construção desse sonho?
O passaporte não entrega performance. A cultura, sim. A motivação, mais ainda. E o senso de pertencimento… ah, esse é o combustível silencioso das grandes conquistas.
Quando uma empresa brasileira chega a Portugal, ela está chegando com uma missão. E cada talento contratado será um embaixador dessa missão. Mais do que executar tarefas, ele vai representar o seu jeito de fazer negócio, resolver problemas, celebrar conquistas e aprender com os erros.
A ponte perfeita é feita de gente
Portugal é mais do que um país: é uma plataforma estratégica para a expansão de empresas brasileiras. E como toda plataforma, ela precisa de um time que saiba construir, adaptar e voar.
O colaborador ideal não tem sotaque certo, ele tem entrega, visão e empatia. E a mágica acontece quando você une o melhor dos dois mundos: a estrutura do talento local com a paixão e energia de quem conhece sua empresa desde o Brasil.
O futuro da sua operação em Portugal começa pelas pessoas. Escolha com sabedoria. Contrate com propósito. Integre com coragem.
Pronto para montar o time certo e escalar sua operação em Portugal?
Expandir para outro país não é só sobre produto, mercado ou estratégia. É, acima de tudo, sobre gente. Sobre quem vai carregar sua cultura, traduzir seus valores e representar sua marca diante de um novo ecossistema.
No Atlantic Scale Out, nós ajudamos empresas brasileiras a atravessarem o Atlântico com solidez e isso inclui mapear talentos, contratar com inteligência e integrar equipes com sensibilidade cultural.
Se você está construindo sua operação em Portugal, fale com quem já apoiou dezenas de empresas como a sua a formar times de alta performance com brasileiros, portugueses e o melhor dos dois mundos.
O passo que você precisa dar para tornar a internacionalização uma realidade é marcar um momento conosco e conversarmos sobre as melhores estratégias para você, sua empresa e sua família.
Tenha certeza de que você está com quem conhece a Europa e construiu bases sólidas em Portugal. Nosso time terá o maior prazer em ajudá-lo neste processo.
Forte abraço e deixe seu comentário para nós.
Sobre o autor,
Benício Filho – Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, e Filosofia pela universidade Dom Bosco, Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis ambos em Portugal, atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”, em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “Metamorfose Empreendedora”.
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