Como é o dia a dia trabalhando com portugueses
Cinco anos trabalhando com portugueses no dia a dia podem estimular muito sua mente quando falamos em cooperação.
Mas em tempos de trabalho remoto, tudo pode ser acelerado ainda mais. Lembro quando começamos nossa empresa, praticamente passávamos o tempo todo falando com brasileiros mesmo tendo Portugal como objetivo.
Criar uma rede de contatos e relacionamentos em Portugal leva tempo. Jamais poderia deixar de comentar que um dos nossos sócios fundadores, Eduardo Migliorelli, foi o maior responsável pela criação desta rede.
Ele tem uma famosa história em que conta que logo quando chegou em Lisboa com a família, isso há mais de cinco anos, tinha uma verba em seu orçamento pessoal para cafezinhos.
As reuniões eram diárias. Mais de vinte por semana a fim de conhecer melhor a estrutura de negócios em Portugal bem como construir nossa rede.
De empresários a prestadores de serviço, ele percorreu todos os cantos de Portugal criando uma rede, pontos de apoio e entendimento na prática como os negócios aconteciam.
Com nossos primeiros clientes, nasce nossa equipe de projetos
Em nosso início, tínhamos como primazia entender o que os brasileiros que aqui estavam chegando precisavam. Logo ficou claro para nós que muitos deles desejavam empreender.
Desta vontade, não restava muito além de boa vontade. Em sua grande maioria, eles, os brasileiros, vinham para Portugal com os produtos mais conhecidos no Brasil.
Também o que ficava evidente para nós mesmo há cinco anos atrás era que precisávamos pensar como empreendedores em Portugal muito mais além do que na famosa Tapioca.
Iniciamos, então, um processo muito centrado em construir nossos produtos de entendimento de mercado em Portugal.
Desta maneira nascia em conjunto com nosso time de projetos em Portugal, o Market Fit.
O Market Fit
A experiência de criar o Market Fit foi na verdade nossa primeira grande experiência de criação com um time brasileiro e português.
Trabalhando com portugueses entendemos que, se por um lado o pragmatismo deles ajuda e muito a centrar na definição do problema e no entendimento da solução, nossa visão profunda e ampla do Brasil apresentava a eles que temos muito mais a oferecer do que o que eles pensam.
Não se trata de um jogo de forças, mas evidentemente, as contraposições de visões devem ter seu campo de discussão muito bem definido.
Do escopo do que deveria ser pesquisa a forma de apresentação com uma devolutiva em conjunto do time Brasil e Portugal, aos poucos foi ganhando forma nossa maneira de entender, apresentar e começar uma jornada de internacionalização.
Da integração dos times surge uma nova maneira de fazer inovação
A inovação é sem dúvida nenhuma uma das faces da própria natureza humana. Certo que perdemos ao longo da vida o dinamismo para inovar.
Basta lembrar quantas vezes ao ver uma criança pequena desenhando ou pintando, questionamos o porquê da escolha que ela fez quanto às formas e cores.
Geramos preconceitos sobretudo como se na natureza a vida não fosse plural.
A integração de times expõe as formas como pensamos e agimos em nosso contexto cultural e social. Esse talvez deva ser o maior aprendizado que fizemos ao longo destes anos trabalhando com um time misto.
Entenda por diferença cultural na maioria dos casos como cada lado entende uma determinada situação. Não é uma defesa de uma verdade, mas sim a compreensão a partir de várias realidades.
Desta integração que foi construída, começamos a criar inovação verdadeira. Tendo a dizer que disruptiva. O crescimento do entendimento entre os times põe de lado as diferenças e traz à tona, quando bem conduzido, os pontos em comum.
Nossos programas de internacionalização têm seus pilares fundamentados na inovação. Mas entende-se aqui inovação também como esta troca de experiências, visões e geração de valor entre dois países.
No dia a dia trabalhando com portugueses, somos todos iguais
Ajustados planos, desejos e projetos, no fim do dia somos todos iguais. O que mais aprendi com esta troca é que almejamos as mesmas coisas.
Embora possamos olhar pelo lado português que eles já equalizaram enquanto nação, muitas das nossas mazelas e talvez a segurança pública seja a maior delas, eles também têm desejos e sonhos parecidos com os nossos.
No trabalho diário, estamos mais próximos do que distantes. A forma de começar o dia, sempre um pouco mais tarde que a nossa.
A parada para o almoço, normalmente mais longa que a nossa também, expõe qualidade de vida e não falta de interesse no trabalho.
Trabalhar 14 horas por dia não é sinal de dedicação, mas sim de falta de responsabilidade com você mesmo. Não se pode, ao final do dia, reduzir sua vida ao trabalho apenas.
Por estarem mais equalizados enquanto país, eles têm naturalmente uma ânsia menor por construir novos projetos do que nós.
Mas é justamente este universo entre quem quer mais e quem parece querer menos que podemos fazer algo novo.
Em meus seis anos nesta experiência entre os dois países, garanto a você que vale a pena o esforço por construir um time misto.
Inteligência cultural, olhares diferentes e novas abordagens a problemas equacionados por um lado e ainda latentes por outro geram valor e causam impacto positivo.
Se acredita que faz sentido para você começar a construir essa experiência, conte comigo. Agende um momento para conversarmos e juntos discutiremos seu futuro em Portugal.
Forte abraço!
Sobre o autor,
Benício Filho – Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente também está concluindo o curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador dá Palestras & Conteúdo, Sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal), atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio), além de participar de programas de aceleração como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros. Palestrando desde 2016 sobre temas como Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência, já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.
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