Caminhando por Portugal
Em tempos em que cada vez mais as pessoas buscam conexão com a natureza e o meio em que vivemos, acredito que caminhar seja um dos prazeres mais interessantes da vida. Caminhar por Portugal pode dar a você uma nova visão deste país.
Sempre que posso, gosto muito de caminhar. Já comentei nesta minha coluna Ressignificando Portugal sobre o quanto já fiz isso em minha vida.
Acredito que você saiba, mas caso seja novidade, fiz o Caminho de Compostela anos atrás. Desta jornada nasceu meu primeiro livro.
Em São Paulo, local em que moro, sempre caminho pelo bairro da Aclimação, minha morada e em muitas tardes, o Parque da Aclimação é meu destino.
Nas vezes que estou em Portugal, escolho ficar perto de uma estação de metrô e quase sempre caminhar é o meu modelo de transporte preferido.
Por vezes, mais de dez quilômetros por dia fazem parte da rotina. O pé dói sim, mesmo estando acostumado. Mas a sensação de poder caminhar e admirar tudo à volta é um encanto após o outro.
Posso relatar das minhas caminhadas, muitas experiências interessantes e com isso, achei bacana reunir algumas dicas de como aproveitar melhor suas caminhadas em Portugal.
Coloque um tênis no pé, faça um alongamento básico, pegue um cantil de água e vamos começar nossa caminhada por este país que encanta a cada metro que conhecemos.
PREPARE O TÊNIS E TOME CUIDADOS COM AS PEDRAS PORTUGUESAS
Um bom tênis não quer dizer que seja necessário ter um tênis caro. Mas também não maltrate seu pé com um tênis questionável.
O melhor é quando o tênis já foi amaciado. Entenda como amaciado um tênis mais velho do que novo. Os melhores são aqueles que já utilizamos por meses. Eles aderem ao nosso pé e geram um conforto importante.
Uma boa meia já pode credenciá-lo a começar a caminhar. Não abuse da quantidade de quilômetros iniciais. Comece com três, quatro ou cinco. Não exagere no começo, pode ser uma péssima ideia caminhar nos primeiros dez ou mais quilômetros.
Se fizer isso, corre o risco de machucar seu pé e perder o pique logo no começo. Nascemos para caminhar. Se está enferrujado, saiba que um breve aquecimento já o capacita para os primeiros passos.
Para começar, sugiro que o seu redor seja o alvo. Muito há de se explorar perto de onde estamos em Portugal. Uma dica importante é tomar muito cuidado com as pedras portuguesas.
Lembro anos atrás que torci o pé em uma noite perto da praça do comércio, justamente por pisar em uma pedra portuguesa solta.
Tal situação me levou a conhecer o sistema de saúde, pois ganhei um par de muletas e uma tala na perna. Até de cadeira de rodas tive que ficar.
Tomando cuidado e estando atento, não há problemas, mas atenção é sempre bom.
AS SUBIDAS EXIGIRAM UM POUCO MAIS DE VOCÊ
A topografia de Portugal também é um ponto a ser considerado. Em Lisboa, por exemplo, sair de uma planície à beira do Tejo e subir dezenas de metros até o Castelo de São Jorge, pode exigir que você tenha um preparo interessante.
Gosto de pensar sempre que um planejamento básico analisando o google já ajuda a ter uma boa noção do percurso.
Uma dica é caminhar pelos pontos do seu interesse e voltar de metrô para casa. Mesclando os meios de transporte, você aproveita o melhor dos dois mundos.
Dia destes em Sinta, percorri quase quinze quilômetros entre os passeios que fiz. Chamo a atenção do percurso do centro histórico de Sintra aos castelos dos Mouros e ao Palácio da Pena.
Do centro para eles, você caminha a pouco mais de dois quilômetros. Parece pouco, mas as subidas são incríveis.
Boas paradas para respirar precisam fazer parte do percurso.
TENTE NÃO DEIXAR PASSAR OS DETALHES QUE ESTÃO À SUA FRENTE
Olha, caminhar por Portugal é uma descoberta após a outra. Continuando em Sintra, na volta do Palácio da Pena, vi uma placa que dizia “passagem dos anjos”.
Eu estava com o meu mapa do google aberto. Mas não encontrei nada sobre esta passagem. Resolvi entrar e ver o que encontraria.
Minha surpresa foi que percorri pouco mais de dois quilômetros dentro de uma mata muito preservada em uma trilha em ótimas condições ao som dos pássaros e da água.
O final dela acabou sendo uma das portas da Quinta da Regaleira. Outro local incrível em Sintra para percorrer.
A satisfação de caminhar na serra de Sintra é libertadora. É interessante conhecer também os parques naturais. A beleza também além da história. Sintra, inclusive, em um dos seus parques, conta com cavalos selvagens em sua fauna.
Estes, inclusive, são uns dos últimos na região.
DE SINTRA PARA LISBOA, UM CAMINHAR PELA CIDADE
Morei por meses em Campo de Ourique, em Lisboa. E do meu bairro, caminhava para conhecer os aquedutos romanos existentes no bairro, com direito a visitar o museu da Mãe D’água, na final do maior aqueduto de Lisboa que alimentava com este precioso líquido boa parte da cidade séculos atrás.
Monumentos, castelos, praças e lugares centenários fazem parte do dia a dia de quem caminha pela cidade.
Eu acredito, sinceramente, que aos olhos dos menos atentos, tudo parece meio igual, mas não subestime. O que está a sua frente pode ser bem mais do que tu imagina.
Minha dica sobre este ponto é caminhar ao largo do Tejo, percorrendo a Praça do Comércio, Baixo Chiado, chegando à estação Cais Sodré.
Depois, continue caminhando para acessar a região de Belém. Ali você terá muita coisa a visitar e a percorrer.
TENTE OLHAR COM MAIS DETALHE
A urbanização de Portugal tem um antes e um depois do terremoto de 1755. Muitas edificações e monumentos vieram abaixo e foram reconstruídos.
É interessante perceber as diferenças do que ficou de pé e do que ruiu. Uma dica interessante é fazer passeios com guias de rua. Eles ajudam a entender os melhores pontos turísticos e ainda contam muito da história de cada local.
Uma placa, um monumento, um parque, um restaurante, uma pequena rua, tem tanta coisa para ver que sugiro estar atento. Não tenha pressa. Visite com calma.
Mais vale um dia bem vivido do que dez sem perceber nada.
COMPOSTELA TAMBÉM NASCE EM PORTUGAL
Outra possibilidade é também fazer a jornada de Compostela partindo de Portugal. São dezenas de possibilidades por Porto, Coimbra, Sintra etc.
Uma vez eu fiz uma etapa de Cascais a Sintra da jornada de Compostela para sentir o trecho. É lindo fazer o percurso olhando o mar.
Confesso que em mais de quatrocentos quilômetros que caminhei da Espanha, não tinha percorrido a jornada olhando o mar. Que sensação boa.
Caminhar é algo que nos remete às nossas origens. Afinal, éramos nômades que caminhávamos por todos os cantos.
Quando nos sedentarizamos, ficamos obesos e a tecnologia tem nos tirado a mobilidade também. Se você se sente sedentário, recomendo que se inspire neste texto e comece a caminhar.
Uma última dica é usar um aplicativo para registrar seus trechos percorridos. Alinhar o bom da tecnologia com uma vida mais saudável é o ideal.
Desejo que aproveite sua próxima visita a Portugal e jamais esqueça de caminhar. Venha bater um papo comigo e terei o maior prazer em ajudá-lo em sua jornada para as terras portuguesas. Agende um momento para conversarmos e juntos discutiremos seu futuro em Portugal.
Forte abraço!
Sobre o autor,
Benício Filho – Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente também está concluindo o curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador dá Palestras & Conteúdo, Sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal), atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio), além de participar de programas de aceleração como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros. Palestrando desde 2016 sobre temas como Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência, já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.
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