A participação feminina no Web Summit 2019 e o exemplo para o mundo empresarial
O sucesso crescente do evento demonstra que a diversidade é um valor a ser perseguido por todos os empreendedores.
O Web Summit, melhor conferência de tecnologia do planeta, segundo a Forbes, teve 46,3% de participação feminina no evento em 2019. Tal marca jamais foi alcançada e isso tornou o evento ainda mais significativa em relação aos bons 44% do ano anterior.
O evento que se supera a cada ano em número de participantes é um retrato do mundo globalizado que vivemos. Com incríveis 70.469 pessoas de 163 países, não há dúvidas de que estamos diante de um case de sucesso.
A maioria das pessoas saiu do Reino Unido, Alemanha, Brasil, Estados Unidos entre outros para se vender, aprender sobre as tecnologias disruptivas, sobre os modelos de negócios e compreender o ecossistema.
Além de atrair de startup alphas a gigantes da tecnologia, o fato de promover o equilíbrio entre visitantes, expositores e conferencistas homens e mulheres afeitos ao universo tecnológico é um indicador de que a aposta nesse modelo não é apenas opcional, mas mandatória quando se trata da oportunidade e de suprir a necessidade de ver e ser visto como profissional.
Quem acompanhou outras edições pode fazer um comparativo e perceber que Paddy Cosgrove, CEO e cofundador do Web Summit, sempre coloca novos elementos e testa formatos que, se funcionarem, estarão na edição seguinte.
Iniciativas como as da Women in Tech, que costuma reservar e dar expressivos descontos em ingressos para as mulheres, se mostraram eficazes em outros anos e foram um sucesso em 2019.
Em parceria com a Booking.com, foi oferecido um programa de mentoria exclusivamente feminino com quatro faixas – desenvolver, envolver, liderar e crescer – e combinaram as participantes com uma lenda do setor de tecnologia que consistia em reuniões pré-agendadas de 20 minutos com mulheres desenvolvedoras, investidoras, jornalistas e várias profissões ligadas ao setor.
As mentoras deste ano incluíram Gillian Tans, que foi responsável pela estratégia e operações globais da Booking.com, e Dianna Cohen, cofundadora da Plastic Pollution Coalition.
Pela primeira vez o aplicativo do evento disponibilizou um filtro em que as mulheres puderam selecionar a programação voltada para elas como palestras, oficinas e programas dedicados a promovê-las.
O lounge da Booking.com Women in Tech estava significativamente maior e tinha espaço para discussões de negócios, pausa para um café ou para descanso e muito networking.
As mulheres o utilizaram para reencontrar parceiras de negócios e para a troca de informações.
Era perceptível quanto o espaço estava animado e com uma grande frequência até mesmo após a finalização das atividades do último dia do evento.
A presença das mulheres foi notada com facilidade no Centre Stage, local em que aconteceram diversas palestras, das quais participaram Margrethe Vestager, da European Commission, Kate Brandt, do Google, Eniola Aluko, jogadora de futebol, Christiana Figueres, diplomata e Katherine Maher, CEO da Wikimedia, entre outras que abrilhantaram o evento.
Os pitchs de startups comandados por mulheres também demonstraram que quando se está a serviço de algo maior que é a humanidade, nunca se deveria encontrar barreiras em questões como a diversidade. E se a tecnologia está a serviço de todos, é possível aliar forças em busca da excelência.
A startup vencedora do concurso de empreendedorismo do Web Summit foi a Nutrix, empresa suíça da área médica, e que tem como fundadora Maria Hahn, cujo projeto pretende desenvolver um nano-sensor para diabéticos e que analisa a glicose pela saliva ao ser colocado junto a um dos dentes.
A expectativa dela é a de levar disrupção à medicina, monitorar coisas que melhorem a saúde de todos e que novas descobertas sejam feitas a partir do projeto desenvolvido.
Outra parceria de destaque dos organizadores da feira foi a efetuada com a Lean in Lisbon com o programa Lean in Circle. Os workshops diários dedicados ao trabalho em tecnologia feminino proporcionaram troca de experiências, o espírito de união e visaram a autopromoção.
O Web Summit fez jus ao DNA inovador e reforçou que a igualdade nas oportunidades coloca o protagonismo feminino em pauta e no lugar de merecido destaque.
Além disso, exemplos como esses tendem a diminuir a diferença de um público que costuma ser predominantemente masculino e promete aumentar a cada ano até se igualar. Há espaço para todos e os organizadores sabem disso.
A inclusão é um caminho sem volta, que tem muito potencial de retorno. Espera-se que se torne tendência e uma percepção real nas demais feiras do setor e no mercado de trabalho como um todo.
Ana Julia Sampaio, jornalista, especialista em marketing e entusiasta do universo jurídico, tecnologia e empreendedorismo. Atualmente possui o blog Law iT com temas relacionados à inovação. www.lawit.com.br
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