A guerra na Ucrânia e o fortalecimento da Europa
Vivemos momentos de perplexidade quando, de maneira inescrupulosa, o presidente mais parecido com um ditador, o russo Vladimir Putin, iniciou a guerra na Ucrânia em que estamos acompanhando pelos noticiários.
Restabelecer o império soviético reescrevendo a história da origem destes povos parece ser um dos motivos para a guerra deflagrada por ele.
Longe da conquista territorial, o que está em jogo é o poder sobre a região. A Ucrânia tem posição estratégica para a Rússia. Impedir o crescimento militar e político da Otan também desponta como um dos pontos mais relevantes externados por Putin.
Quando fui convidado a escrever este artigo, refleti por semanas sobre como seria minha abordagem. Confesso que meu viés não será econômico ou mesmo como escrevo frequentemente, sobre internacionalização.
Mesmo que ainda se trate de cenários, estou escrevendo sobre como percebo e enxergo esta guerra na Ucrânia.
Aqui, coloco meu chapéu de filósofo, teólogo e estudioso da natureza humana. Existem temas que fogem da nossa compreensão. Desta maneira refletir sobre eles acaba sendo um exercício de refletir sobre a história da humanidade.
Mal saímos de uma pandemia que mudou a história do mundo e ainda causa imensos reflexos e mergulhamos em uma guerra sem sentido que está mudando as forças geopolíticas, econômicas e mercadológicas do mundo.
Um livro recente que escrevi, “Do Caos ao Recomeço” ajuda a entender este novo formato de mundo, mas confesso, ainda estamos tateando o que de fato está acontecendo.
Desta maneira, convido você a ler este artigo de coração e mente abertos. Venha comigo e boa leitura.
Putin e sua semelhança com Führer
Em alemão, Führer significa “guia”, “líder”, “chefe”. Deriva do verbo führen, “conduzir”. Embora a palavra permaneça de uso comum em alemão, está tradicionalmente associada a Adolf Hitler, que a usou para se autodesignar líder da Alemanha Nazista.
Sim, acredito que os interesses de Putin sejam similares aos interesses de Adolf Hitler. Partindo da propaganda interna feita na Rússia por ele, bem como dos ensinamentos nas escolas e o elevado isolamento russo, as características são similares.
Objetivo que estamos falando de momentos diferentes, países diferentes e mundo diferente. Não acredito em 10% do sucesso que Hitler obteve antes de ser travado pelos aliados.
Mas sua forma de agir muito tem de semelhança quanto a pureza de raça. Compreender e conter Putin será um desafio do mundo, não apenas da Ucrânia.
Partindo deste ponto, fica mais fácil entender por que o mundo olha com atenção o que está ocorrendo por lá.
Não existem boas notícias em uma guerra
Em uma guerra somente existem derrotados. Mortes de civis, mortes de militares de todos os lados, população traumatizada e mais ódio em todos os envolvidos.
Se as perdas humanas são indescritíveis, as perdas econômicas são imensas. Parece ser provável que não seja o território que Putin deseja. Mas sim poder e domínio sobre a região.
Quando esta guerra na Ucrânia acabar, teremos um país arrasado que precisará de ajuda do mundo para ser reconstruído.
Escrevo este artigo em vinte de março de 2022. Já se somam mais de dez milhões de refugiados na Ucrânia, sejam elas pessoas que foram para outros países ou que se moveram internamente.
A Rússia sofreu enormes impactos com a guerra e sua maior aproximação com a China também se apresenta como uma possibilidade. Da dependência de combustíveis fósseis que hoje é uma realidade na Europa, assistiremos uma revolução para a independência.
Novos arranjos comerciais e econômicos se desdobram à nossa frente e entender que a Europa será mais fortalecida enquanto bloco é algo fundamental para entender este novo contexto de mundo.
A destruição com a guerra na Ucrânia impactará em todo o Continente Europeu
Maior área agricultável da Europa, a Ucrânia está assistindo seu país ser arrasado. Embora a resistência ucraniana tenha sido enorme, a destruição também tem sido devastadora.
A quebra da produção agrícola inevitável na Ucrânia poderá oferecer crescimentos em vendas no segmento do agronegócio do Brasil e nos restando do mundo.
Mas não se pode tirar deste tabuleiro os fertilizantes que são produzidos e exportados em larga escala pela Rússia e Ucrânia. Com as sanções, novos desdobramentos para sua produção também serão necessários.
Assim como muitos países foram reconstruídos após a segunda guerra mundial, assistiremos após o término desta guerra na Ucrânia, a reconstrução do país europeu.
Esta reconstrução é fundamental para, inclusive, deter os planos expansionistas de Putin.
As sanções da Rússia que impactaram os preços e a cadeia logística
Bem além do preço do petróleo em alta, as sanções à Rússia impactam diretamente a cadeia de fornecimento global.
A pandemia mostrou que o sucesso, da globalização enquanto inclusão dos países no mercado internacional foi um sucesso, mas também mostrou como somos vulneráveis.
De insumos básicos a complexos, quase todos os produtos foram afetados no mundo. Fortalecimento de setores industriais regionais podem ser uma forma de proteção bem como compreender melhor o mercado internacional.
Assim, ter um posicionamento internacional favorece esse movimento de entretenimento do mundo.
Os imigrantes impulsionaram os países europeus
Apenas pela Polônia mais de dois milhões de ucraniamos já entraram fugindo da guerra na Ucrânia. Assistimos ao maior êxodo das últimas décadas.
Ao fim da guerra, boa parte das pessoas não retornaram ao seu país de origem. A distribuição por outros países de ucraniamos é uma realidade inevitável que levará aos demais países da Europa uma força de trabalho adicional e um povo com desejo de reconstruir suas vidas.
Movimentos anteriores como os da guerra da Síria que ainda não terminou levaram para a Europa milhares de pessoas que fizeram moradia no continente.
Estes imigrantes devem impulsionar a Europa em sua economia nos próximos anos.
Uma Europa mais unida
É visível que a Europa está mais unida do que nunca. Os países do bloco se organizam e estruturam suas economias e exércitos para se proteger de ameaças como a que estamos vendo.
A dependência de combustíveis fósseis também gerará nos países da Europa a necessidade de pensar em conjunto. Isso sem falar dos desafios que já tínhamos, como o aquecimento global e a pandemia.
O bloco estará mais forte depois da guerra na Ucrânia e esta é uma boa notícia para quem quer internacionalizar.
Os segmentos ligados à indústria de transformação, alimentos e tecnologia da informação serão muito incentivados na Europa e Portugal não ficará para trás.
Lindas como Portugal 2030 e tantas outras que surgiram podem ser uma incrível oportunidade para iniciar um movimento de internacionalização neste momento.
A teoria do cisne negro e os acontecimentos na guerra na Ucrânia
A Teoria do Cisne Preto (2007) foi concebida por Nassim Nicholas Taleb para explicar:
Um acontecimento de impacto desproporcionado ou um evento raro aparentemente inverossímil, para lá das expectativas normais históricas, científicas, financeiras ou tecnológicas.
A impossibilidade de calcular a probabilidade de eventos raros, porém consequentes, através de métodos científicos (dada a ínfima probabilidade da sua natureza).
O viés psicológico que leva uma pessoa, individualmente ou coletivamente, a não ver ou não querer ver a importância decisiva de determinado evento raro no desenrolar da História.
Ao contrário do conceito filosófico inicial de “problema do Cisne Preto”, no qual se afirmava que todos os cisnes são brancos, algo que mais tarde se provou falso com a descoberta no século XVIII de uma raça de cisnes pretos, a Teoria do Cisne Preto refere-se apenas a eventos inesperados de grande magnitude e consequências no contexto da sua influência histórica.
Tais eventos, considerados extremos atípicos, coletivamente representam um papel mais importante do que os acontecimentos normais.
Justamente é o que está acontecendo na Europa neste momento. Os desdobramentos deste cisne preto refletiram na Europa e no mundo por décadas.
A guerra na Ucrânia deflagrada por Putin é uma guerra dele e não da Rússia. Compreender tudo que está envolvido é fundamental para nossas empresas.
Portugal e sua posição estratégica na retomada
Portugal é tradicionalmente uma nação que mantém posição neutra em guerras. Claro que em função de ser membro da Otan, ela será acionada se a Otan entrar nesta guerra.
Portugal deverá receber também imigrantes ucranianos e ser um grande hub para a reconstrução da Ucrânia, bem como para o desenvolvimento de novas tecnologias para tirar a Europa da dependência que hoje é sensível.
Atração de empresas, linhas de fomento e população envelhecida são questões que tornam Portugal uma opção forte para acolher soluções neste momento.
Portugal sempre esteve de braços abertos para acolher empresários do mundo inteiro. Neste momento, mais do que nunca, perceber esta oportunidade será um diferencial diante de tantas transformações que estamos vivendo.
Mas se você ficou em dúvida sobre algum tema que escrevi neste artigo, agende um momento para conversarmos e juntos discutiremos a melhor oportunidade. Temos uma rede incrível de parceiros que poderão ajudá-lo e sobre isso, não tenho dúvida que encontraremos a melhor opção e forma para você.
Forte abraço!
Sobre o autor,
Benício Filho – Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente também está concluindo o curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador dá Palestras & Conteúdo, Sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal), atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio), além de participar de programas de aceleração como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros. Palestrando desde 2016 sobre temas como Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência, já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.
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